sábado, 23 de julho de 2011

Nosce te ipsum

Ele era assim, não acreditava em nada e não duvidava de nada!

Vivia, simplesmente!

E aí? Como vai?”, perguntavam-lhe. “Tudo bem. E você?”, respondia ele. Resposta involuntária, palavras falseadas pelo automatismo. Do fundo de seu coração, a vontade era de responder: “Não estou nada bem”.

O sentimento existia, era fato! Ele só não sabia de onde viera tão fria sensação. Não entendia o porquê, nem desde quando ou até quando. Verdadeiramente ele não sabia sequer o que era aquilo. Apenas sentia!

Abstinha-se do direito de questionar, de buscar compreender. “Ah! Dá muito trabalho pensar. Porém, acabara surgindo, do mesmo “fundo de coração”, um incômodo. Sim! Este mesmo! O incômodo que faz com que sintamos necessidade de movimentar, de não estagnar-se frente às imposições.

Aos poucos, sua mente começou a trabalhar racionalmente aquilo que o coração sentia. Surge a primeira pergunta. “Por que estou assim?” e logo, outras se seguiram: “Que sentimento é este?” “O que me falta?”.

As perguntas estavam elaboradas. Todavia, onde foram parar as respostas? “Talvez não existam, ou não sejam acessíveis.

A história se desenvolve quando ele descobre a primeira resposta: “Falta-me perspectiva.

A palavra “PERSPECTIVA” deriva do latim perspectivus e significa “ver através de...”.

Isso! O quebra-cabeça começou a se formar, e assim, ele passou a ter por onde se nortear. O simples fato de buscar algo já lhe era excitante, quanto mais o sinal da possibilidade de alcançar um objetivo.

Começou a “ver através” dos outros, das ações das pessoas, da forma como elas pensam, da forma como elas se relacionam, em como elas fazem o mundo girar.

Aos poucos, mais e mais peças deste quebra-cabeça foram se juntando e interligando. Tudo ia como planejado ou desejado, mas faltavam peças, outras tantas não se encaixavam. Novas dúvidas, novos questionamentos. “E agora, por onde caminhar?” “Onde encontrar as peças que faltam?” “O que fazer com as que não se encaixam?

Anos se passaram, ou não!

As peças que faltam ainda não foram encontradas. Talvez nem sejam. Talvez “no final” elas apareçam, de forma natural. Só chegando até lá pra saber.

Ao menos, ele descobriu como usar as peças que não se encaixavam. Elas eram próprias do centro do quebra-cabeça, e deveriam estar em contato direto com as demais, provendo-lhes a perfeita harmonia. Como ele descobriu? Só quando conseguiu “ver através” de si mesmo.

Agora, não só ter o que questionar, ele tem algo em que acreditar!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O amor, o alvedrio, o erro

Ahh... novamente os erros!


Viajando, certo dia, pelo universo de ideias propostas pelo mundo virtual, deparei-me com a seguinte frase: “O erro é o preço que pagamos pela oportunidade de aprender algo.

Quem o reproduzira, não tomou, sequer, o cuidado de conceder os créditos ao verdadeiro autor.

O importante é que, aquela combinação de códigos binários, transliterados em letras frente meus olhos, foi a ignição para o surgimento deste pensamento por ora exposto.

Será mesmo que eu tenho que errar para aprender algo? Por que eu não posso simplesmente aprender com os erros dos outros? Provavelmente, não será aqui que você encontrará respostas para estas perguntas. Talvez surjam vários outros questionamentos.

Minha mãe, na humildade de sua sabedoria, sempre mostrou-me qual era o “caminho certo” a ser seguido. Eu sempre soube, mas somente agora eu entendo! E agradeço!

Agradeço aos meus pais pela minha criação. Mostraram-me o que é “certo e errado”, mas, me deixaram partir, sair, buscar, conhecer com os próprios olhos e provar. Provar a vida, provar o mundo. Sentir o mal e pedir pelo bem.

Por mais que eu conhecesse a ilicitude dos meus atos, eu precisei vivê-los para que eles ganhassem dimensão, para que ganhassem significado.

Os pais amam! Talvez eu não tenha a verdadeira ideia do quão grandioso é este sentimento fraternal. Ainda não sou pai. Tenho apenas uma imagem de como seja!

Mas neste mesmo momento, me vem a mente, a figura dos pais superprotetores desta nova era.


As facilidades do mundo corrompem, é verdade. A violência está em índices alarmantes. Mas as pessoas que amamos não são propriedades nossas. Querê-la só para si, não seria um ato egoísta e possessivo?

Nossos amados, por maior que sejam nossos sentimentos, não são exclusivos a nós. São do mundo. E eles só terão a oportunidade de crescer, de se desenvolver, quando o mundo conhecerem, e, quem sabe, errarem.

O amor só é pleno em comunhão com a liberdade!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Anáfora paradoxal do tempo

Quem nunca se arrependeu de algo na vida?

No meu caso, são vários os fatos que me trazem tal sentimento.

Se você tivesse a oportunidade de voltar no tempo, mudaria suas ações? Minha resposta é objetiva e certa: NÃO! Foram estes erros que me tornaram a pessoa que sou hoje. Por estes erros que me torno melhor a cada dia!



E mais... como diria Rodrigo Amarante: "E se eu fosse o primeiro a voltar pra mudar o que eu fiz? Quem então agora eu seria?"

"Acho que estou ficando velho rápido demais...

Hoje, paro e reflito sobre tudo que vivi. Já passei por momentos bons e por momentos tristes, conheci pessoas que sequer sei se ainda existem e pessoas que são inesquecíveis.

Hoje, vejo o mundo de maneira diferente. Abandono a infância para angariar responsabilidades e tornar-me adulto.

Hoje, reconsidero minhas ações. E muitas coisas que me davam orgulho de ter realizado, tornaram-se motivos de arrependimento.

Hoje, enxergo que estava errado o tempo todo. Se tudo se deu assim, e está assim, certamente é culpa minha.

Hoje, percebo que este sofrimento, esta nostalgia e pesar, são um fardo que eu mesmo criei e que terei que carregar sozinho, calado e sabe lá Deus até quando!

Hoje, entendo que fui um completo idiota, não dei valor ao que mais me valorizava.

Hoje, recordo que os avisos foram dados e as chances também. Mas eu, ingênuamente tolo, não as aproveitei.

Hoje, estou aprendendo a viver novamente, usando cada erro cometido como arquétipo para construir um futuro mais sensato e que me traga menos contrições.

Acho que estou ficando velho rápido demais..."




Los Hermanos - "O Velho e o Moço"

terça-feira, 5 de julho de 2011

Ensaio de um domingo qualquer

Boa noite!

Como post de estréia do blog, trago-vos este reflexivo textículo.


"Noite de domingo. As horas? Não sei com exatidão, afinal, encontro-me perdido em pensamentos. Creio ser por volta de uma da madrugada. O céu está nublado. O tempo está estranho. O dia amanheceu de sol e a tarde foi chuvosa. Agora, apesar de não serem fortes, alguns pingos de chuva teimam em borrar, na folha pautada, minhas palavras transcritas por tinta. Já estou aqui a um bom tempo, sentado no quintal, observando a beleza e ao mesmo tempo as trevas deste céu tenebroso.

As nuvens impedem que eu veja as estrelas. Porém minha insistência não se torna vã. Após alguns instantes, sou premiado, repentinamente, com um pequeno ponto de luz que parecia estar esgotando suas forças para ultrapassar a espessa camada de nuvens. Magnífico. Como se não bastasse o fato de me sentir um privilegiado, afinal, em meus pensamentos, tal luzinha se esforçava apenas para recompensar-me, esse pontinho dourado tão longínquo me faz sentir outra coisa: nostalgia.

Remetendo às minhas recordações, minha mente forma a imagem de como seria toda essa vastidão negra, novamente repleta de pequenos pontos luminosos.

Surge aquela indagação: “Quantas vezes na vida parei para observar a beleza das estrelas?” A resposta é imediata e precisa: “Bem menos do que gostaria!”

Os pensamentos, nesse exato momento, são incomensuráveis. Porém, sou impedido de transcrevê-los. São complexos demais para serem expressos em uma simples folha de caderno. Envolvem temas que eu gastaria milhares, talvez milhões, de páginas para tentar expressar, e ainda assim ficariam sem uma conclusão plausível.

Sendo assim, é nesse contexto que me despeço do meu solitário e aguerrido ponto de luz. Suas partículas parecem ter se rendido à força das trevas imposta pelas nuvens. Aos poucos ele vai se reduzindo até se extinguir.

As gotas que caem estão mais intensas e minhas palavras estão se perdendo em meio aos borrões de tinta. Recolher-me-ei, então, aos meus aposentos. A reflexão continua em minha mente. No futuro ganharão forma em papel. Mas por hora, fica apenas a lembrança da minha bela estrelinha!"

Palavras inspiradas no dia 19/02/2011